quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Cérebro nunca esquece a droga, afirma psiquiatra
Especializado no tratamento de dependentes químicos, o psiquiatra argentino Eduardo Kalina, 63 anos, faz um alerta: o cérebro nunca esquece a sensação provocada pela droga. Para um dependente químico, a cura exige a abdicação total das drogas, inclusive álcool e cigarro por toda a vida."Quem usa drogas quer ser super-homem", diz. Kalina já tratou de paciente famosos como a atriz Vera Fischer e o ex-jogador de futebol Diego Maradona. Ele atua na área há 32 anos. Nos últimos tempos, tem-se dedicado a estudar a depressão, sobre a qual prepara um livro.
Seguem trechos de entrevista à Folha:
Folha: Por que a depressão virou a cabeça do homem moderno?
Eduardo Kalina: Os motivos são muitos. Temos uma crise de vida no mundo atual, que criou desenvolvimento e, em lugar de criar felicidade para as pessoas, criou infelicidade. Tudo isso favoreceu depressões. A forma de viver é cada vez menos humana. O uso de tóxicos, álcool, tabaco, café cocaína, estimulantes, tudo isso favorece a depressão. Um fator que provocou o aumento da depressão é o fato de que vivemos cada vês menos humanamente. Cada vez viramos mais máquinas, porque temos muito ou porque temos pouco. O homem virou cada vez mais máquina, e as máquinas precisam de combustíveis especiais.
Folha: Fale um pouco do tratamento que o senhor utiliza.
Kalina: São tratamentos integrais, com exames de diagnóstico complexo, para estudar o que acontece no cérebro sem produzir danos às pessoas e para saber como está o seu equilíbrio neuroquímico. Fazemos um diagnóstico psicológico e psicossocial. Pacientes com desequilíbrios importantes precisam de medicamentos para compensar esses desequilíbrios, que não se corrigem sozinhos.
Folha: O que o senhor chama de lado psicossocial?
Kalina: O uso de drogas vai contra a natureza humana. A pessoa procura a droga para ser outro, Popeye, super-homem. Além de corrigir o fator biológico, é preciso fazer psicoterapias, trabalhar com a família. Muitos pacientes precisam reaprender a de desenvolver no meio social. Daí a importância do hospital-dia, com estruturas comunitárias.
Folha: O senhor teve pacientes famosos como Vera Fischer e Maradona. Eles se curaram?
Kalina: Não quero falar deles. Quem usou drogas tem que aprender a viver sem drogas, entre os quais o álcool e o tabaco. Pessoas famosas chegam a acreditar que são super-homens ou super-mulheres e não aceitam os limites: não podem tomar nunca mais álcool. Por isso, muitos voltam à droga. Pessoas comuns que têm recaídas são muitas. Quando um famoso tem recaída, todo mundo fala.
Folha: Há cura para a dependência química?
Kalina: A cura significa deixar de tomar drogas de todo tipo, álcool e tabaco, inclusive, e aceitar que o corpo nunca vai esquecer o que aprendeu. Se foi, alcoólatra ou toxicômano, o cérebro não esquece. Por isso, a cervejinha é fatal, porque abre a memória biológica. A pessoa lembra e acorda tudo o que tratamos de limpar. Há cura se você aceita os seus limites.
Folha: O que o senhor acha da descriminação da maconha?
Kalina: Sou contra. As pessoas que defendem isso não se preocupam com saúde pública. Há estudos sobre o poder carcinogenético (causador de câncer) da maconha, que é quatro vezes superior ao tabaco.
Folha: Quem fuma só maconha é dependente?
Kalina: É dependente. Quando a pessoa diz "fumo só maconha", quase nunca é verdade. Ela fuma cigarros, toma álcool e, com o tempo, não basta. É a porta de entrada para as outras drogas. Assim como se dizia antes que a consciência é solúvel em álcool, hoje, diz que a consciência é solúvel em maconha.
Folha: O senhor escreveu sobre jovens. O que diria aos pais, principalmente aos que usaram drogas?
Kalina: O papel da família é não seguir a linha "faça o que eu digo e não faça o que eu faço". Se os pais consomem tabaco, álcool e remédios, não podem pedir que os filhos não procurem soluções químicas. O pai deve dizer ao filho que usou, mas que não há motivo para o filho fazer também.
Folha: O senhor não admite o álcool nem em ocasiões sociais?
Kalina: É preciso saber a diferença. De cada 100 pessoas que bebem, 10 viram alcoólatras. Dos que fumam mais de seis semanas, 60% viram fumantes que não podem parar. A cerveja e o vinho, tomados com moderação, têm efeitos negativos mínimos e certos componentes úteis para a vida. O vinho tem aminoácidos, a cerveja tem vitamina B. O uísque, a cachaça, nada disso tem valor para o organismo.
Maria de Lourdes Garcia RuizCoordenadora do Grupo de Amor Exigente de Marília

5 comentários:

Tiago Cardoso disse...

Valiosa informação...
fui... vlw.

http://jukeboxmix.blogspot.com/

Unknown disse...

Drogas... so acabam com a vida das pessoas.
Popye? Sera uqe alguem se drogra querendo se-lo!?

Blog Em Construção disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Blog Em Construção disse...

Na verdade a droga gera uma sensação boa,se fosse ruim ninguém usava,mas temos que ter a consciência da relação custo-benefício e manter uma distância dessa DROGA!!!!!Seja lícita ou ilícita mascarar a vida não ajuda em nada.
Bjssssss!!!!!!!
http://forazulcielo.blogspot.com/

Klatuu o embuçado disse...

Gostei de teu espaço: informativo e útil, principalmente para os jovens, a quem tantos interesses, de bancada e de cama, interessa ver alienadaos e disponíveis!

Abraço.